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Pesquisa na PUC-SP: O Eye Tracking e a Arte Sacra Brasileira

Artigo apresentado no 11º Congresso de Comunicação da FAPCOM, entregue como resultado de minha pesquisa de Iniciação Científica na PUC-SP

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Capa do trabalho e do artigo científico, apresentado na PUC-SP e no congresso da FAPCOM


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1 - INTRODUÇÃO

O presente artigo de investigação científica debruça-se sobre a estética da comunicação visual na forma de mediação e a arte sacra, podendo ser lida como teologia da imagem. Liga-se ao modelo teórico de comunicação formulado por Aristóteles (Fig. 1) e o aplica à comunicação visual e religiosa nos dias de hoje.

A análise consiste em verificar as expectativas do artista sacro como emissor, no ato de criação visual. Para tanto, utilizou-se a pintura religiosa contemporânea e a estética da arte sacra brasileira posterior ao concílio Vaticano II.

Buscou-se analisar a arte sacra e teológica no ato de sua leitura para que, em termos científicos, o fenômeno da observação fosse mensurado em relatórios capazes de serem comparados com as regras e técnicas que por séculos regem o processo criativo.

O Esquema de comunicação, teorizado por Aristóteles, que foi posteriormente aprimorado por Berlo (1960), que acrescenta no espaço das setas e que as chama de canal (mídia) e ao discurso altera o nome para mensagem; mais tarde, Mc Luhan (1964) emitiria a máxima sintetizando esquema: “O meio é a mensagem”. Este esquema conceitual não será abordado, mas serve para ilustrar o objeto de nosso estudo.

Este projeto de Pesquisa Científica trata da análise da Criação e Recepção da Comunicação Visual na Arte Sacra, entendida como mecanismo de comunicação. O objetivo do trabalho de análise é a observação da criação visual sacra na sua etapa de processo criativo e de composição de imagem. Confrontando criação versus recepção das imagens. De um lado estão as teorias e técnicas de harmonia e bom design. Do outro, a leitura dessa imagem já pronta, o ato da recepção visual. Em objetivos menos específicos, o estudo busca analisar o contexto comunicacional teológico da arte sacra contemporânea no Brasil e o contexto do estudo da recepção de imagens.

Para tanto, o objeto de análise teórica agrupa a produção dos dois maiores pintores sacros brasileiros da atualidade: Maria Fonseca e Cláudio Pastro. A pesquisa se baseia sobre um tripé científico: arte, teologia e tecnologia. A pintura de Pastro e Maria Fonseca, com sua obra pintada e escrita, compõem o respaldo artístico. Já o aspecto teológico é dado tanto pela Questão 12, Parte Primeira, da Suma Teológica de São Tomás de Aquino - que trata sobre Como Deus pode ser conhecido – quanto pelo livro O Deus da Beleza, de Pastro. Por fim, o respaldo tecnológico advém da parceria e apoio que esta Pesquisa Científica obteve com a FCET da PUC- SP e as empresas Tobbi Pro/EDGE e Feng GUI, detentoras do aparelho de eye tracking.


Existem vastos estudos a respeito da criação visual, no momento compositivo. Porém, o estudo analítico da recepção é muito menos averiguado. A presente pesquisa visa, então, analisar a recepção da imagem como sendo a efetivação da Comunicação Social visual, almejando contribuir para este campo científico.


2 – METODOLOGIA

A pesquisa teórica se utilizou de leituras bibliográficas e documentações de sua revisão. A pesquisa prática constou da aplicação de eye tracking em observadores que tiveram registrados o percurso do olhar e o tempo de observação em cada ponto das imagens, por meio dos rastreadores da Feng GUI e Tobii PRO, com a análise gravada no software da Tobbi Pro Studio. O processo de criação de imagens e as etapas de observação durante a leitura/visualização destas caracterizaram o levantamento qualitativo. Já o aspecto quantitativo é dado pela possibilidade de monitorar o olhar por meio de recurso computacional. O percurso do olhar e o tempo de atenção a determinado ponto são quantificados com o eye tracker. Estes elementos, portanto, compuseram a investigação experimental.

O acesso aos equipamentos e softwares importados da tecnologia eye tracking eram até então inexistentes na PUC-SP. A concessão de fomento tecnológico veio por meio da empresa israelense Feng GUI e da sueca Tobii Pro, Edge Group no Brasil, que ;/

A análise de leitura de imagem se concentra em três estudos, como etapas da comunicação visual:

(1) Rough, que é o esboço e composição geometrizada, onde o criador da peça comunicacional elabora a mensagem e a disposição dos elementos a serem lidos;

(2) Gaze Plot Report, um relatório preciso gerado via eye tracker, apontando a duração da fixação do olhar e a “trama” do percurso dos olhos, sobre determinada imagem (em milissegundos);

(3) Porcentagem de atenção que uma “área de interesse”, relatório que fornece o número preciso da atenção ou relevância captada polo leitor da imagem.


3 – DISCUSSÃO: ARTE, ARTE SACRA E COMUNICAÇÃO

Iniciou-se essa investigação científica buscando entender: (1) se o receptor da arte sacra interpreta todas as simbologias e os significados presentes na atual arte sacra brasileira, o que a tornaria uma comunicação de massa tal como a publicidade; (2) quais as regras de composição visual adotadas pelo artista sacro ao projetar e criar a comunicação visual no universo da fé religiosa; e (3) se essas regras servissem ao observador da obra como guia ocular e guia de interpretação.

Por meio da leitura de Gombrich (2016), compreende-se a arte bizantina dos séculos V a XV enquanto movimento estético e histórico. Já as observações de Egídio Toda (2013) encaixam a arte de Maria Fonseca e de Pastro como criação contemporânea, pertencente à arte sacra brasileira com influência bizantina, objeto do presente trabalho. Esta literatura permitiu concluir, então, que a arte de Pastro é arte neobizantina brasileira. Tal comunicação visual artística está tecnicamente traçada dentro das proporções e regras seculares e gerais do design visual e é dirigida por interesses comunicativos religiosos.

A seu tempo, Jaluska e Junqueira (2015) salientaram que, apesar da simplicidade característica da iconografia cristã bizantina, esta faz altas referencias a citações e simbologias bíblicas e à complexidade litúrgica: quem nunca as leu ou ouviu pode vir a não compreender a mensagem narrativa, apesar de sua simplicidade estética. Essa observação é reforçada por afirmação da pintora Maria Fonseca, numa entrevista concedido ao aluno.

Passando a tratar do respaldo teológico, mais precisamente teologia da imagem, a pesquisa elenca autores e conceitos clássicos que regem essa ciência. Pastro (2006) aponta que lidar com a iconografia religiosa, como a arte sacra, é trabalhar e estar em contato com o invisível. Por sua vez, o invisível fala-nos por meio de imagens visíveis. A arte sacra é uma maneira de atribuir uma representatividade visual ao invisível.

Lê-se no Novo Testamento que São Paulo Apóstolo esteve em Atenas e, utilizando-se de um altar "Ao Deus desconhecido", tentou apresentar o Deus de Jesus Cristo no mundo helenístico. Com seu enredado e entrelaçado panteão, num espaço que originalmente estaria reservado a algum mito que, por esquecimento ou por ignorância, viesse a não ser citado pelos adoradores, São Paulo usou de uma habilidosa retórica e hermenêutica, elaborando a tese de que todos estavam longe de conhecer o Deus verdadeiro, pois este não se pode ver, porém todos os que o seguem estão plenamente esclarecidos a seu respeito (At 17.22-32).

a) Imagem como hierofania

Pastro seguiu afirmando que a partir do momento em que o homem passou a fazer liturgia, que em outras palavras é a caridade (ágape) experimentada, passa também a fazê-la pelos sentidos tangíveis e visuais como parte dessa experiência. E nisso a imagem é uma língua universal, pois Jesus Cristo é imago dei: "Quem vê a mim, vê o pai" (João 14.8,9). O autor apresentou ainda que Jesus dizia aos doze enviados por ele para que fossem a todos os povos e que "...certos sinais..." seguiriam aqueles que cressem. Desta forma, percebe-se que a expressão visual já era tida como uma linguagem universal.

Então, num raciocínio continuado, afirma-se que o repertório humano, quer seja ele imaginativo, religioso, inconsciente ou litúrgico, é composto por imagens. Essa formação constrói não só o arcabouço comunicativo da anima humana, mas constrói também a imagem de si mesmo e a imagem do invisível (Gênese 1. 26, 27), e por ela se namora com o invisível (Pastro, 2006).

Pastro ainda traz uma escala conceitual: (1) desde as cavernas e as artes rupestres, nota- se a evolução do imaginário humano na composição de uma iconografia através dos séculos, (2) o sagrado vem construindo a história da humanidade por milênios, através da imagem visual, mesmo em culturas e religiões distintas (Gênese 28.16-19), (3) o homem institui lugares “hierofânicos”, no passado e no presente, como lugares de encontro (Apocalipse 21.3).

b) A antropologia e a semiótica na teologia da imagem como comunicação e expressão

A obra Como pensam as imagens, de Etienne Samain (2012), faz percorrer o caminho do autor: um teólogo que se tornou pesquisador científico, mais precisamente no campo da antropologia. Samain compara o anseio humano de se comunicar visualmente - ou de se obter uma representação da imago dei - com a composição do painel semântico de Warburg.

Aby Warburg, historiador da arte alemão, agrupou as imagens como uma timeline, através do conceito de Pathosformeln (formas do sentir), dizendo que a imagem é um veículo, um compartimento que armazena pensamentos. Ele diz ainda que as imagens podem ser “suaves” (mais artísticas, de livre interpretação por seus receptores) ou “fortes”, que formatam, transformam e forjam ideologia nos receptores. O conjunto de imagens na timeline de Warburg ganhou o nome de Mnemosine. Ao olhar essa coletânea de imagens, chegou-se a dizer que era visível ali um precursor do Google Imagens: cada foto serve como uma palavra, e a coletânea delas, a frase completa. As imagens marcaram cada movimento da História da Arte, por período; essa característica está na evolução visual da Igreja; tal característica está também na arte publicitária onde, numa campanha, cada cartaz ou mídia individual é uma palavra da mensagem “forte”. Nesse sentido, Samain diz que a imagem evoluiu junto ao homem. Tida inicialmente como representação mística, segundo Gombrich (2016).

O painel de Warburg problematizou a imagem ao longo da história da arte. Na obra Mnemosine, tem-se uma “timeline da história da arte sem palavras”, onde a imagem é o principal objeto e documento de ciência. Samain faz uma linha comparativa, passando por vários autores, onde cada um deles agrega uma característica à ciência da imagem. Nesta linha comparativa, tem-se Sir Ernest Gombrich como difusor dos sentidos artísticos; Freud, como aquele que trabalhou as imagens como objeto e documento dos sonhos; Walter Benjamim, que entende a imagem como obra e objeto de passagem, até chegar a George Bataille, que define as imagens como “objeto do não saber”.

Os estudos de semiótica da imagem, Imagem: cognição, semiótica e mídia, de Lúcia Santaella e W. Noth (1998), mostram o quanto os códigos visuais se baseiam em um repertório coletivo. E Samain abordou a imagem como um “lugar”, onde se localiza não apenas o trabalho “estetizante”, mas também o verdadeiro encontro das técnicas pictóricas com a retórica da imagem. Trata-se do encontro da iconografia (técnica representativa ou simbólica, traços) com a iconologia (simbologias e significações, sentidos ali contidos). Ambos os trabalhos ampliaram o entendimento da representação e da decodificação das imagens.

c) A arte do sagrado como ato criativo, psicológico e teológico.

Os trabalhos já citados acima dissertaram sobre o processo criativo dos artistas antigos e de Pastro. Buscam entender como o homem, ser criado e criador-criativo, concebe as figuras do sagrado e as representa. A obra de Samain e seu teor antropológico geraram forte proximidade com o trabalho compilatório de mitologias e imagens de Carl Jung em O Homem e seus Símbolos (1964). Nele, entende-se a arte do sagrado também como a arte do desconhecido ou do invisível.

No entanto, a razão desse fenômeno é explicada teologicamente. A imagem de Deus inserida no homem é o que se projeta nas belas criações humanas, artísticas ou religiosas. Berkhof (1949), afirma que, de acordo com a Escritura, o homem foi criado à imagem de Deus e, portanto, tem relação com Deus. Traços desta verdade são encontrados na literatura pagã. Paulo assinalou aos atenienses que alguns dos seus poetas falavam do homem como geração de Deus em sua literatura politeísta (At 17.28).

Em um artigo publicado na revista Teocomunicação, edição n. 156, de autoria do filósofo Ronel Alberti da Rosa, contextualizou-se o longo amadurecimento da teologia da imagem, lidando com conflitos profundos à luz de Jo 14. 8-10 em contraposição à Êx 20.4. Essa teologia teve grandes pais, como Santo Agostinho, que com a chamada Grande Teoria do Belo, afirma ser o belo a harmonia (modus, species et ordo), que se faz metafísica através da arte, ao expressar que “apenas o belo agrada”. São Tomás de Aquino, que firma em sua Suma Teológica como é fácil ao homem criar belas imagens, uma vez que no habitat natural do homem e no universo está o Modelo de todas as belezas: “As coisas que procedem de Deus se parecem com Ele” (Thomás. Suma Teológica. I, q. 3, a. 7). O artigo findou apontando São Boaventura, Pacheco & Cesare Ripa como os pais da Arte Sacra em seu aspecto teológico e de implementação litúrgica, pois esses homens trouxeram do medievo para a modernidade o aspecto comunicacional da arte sacra: pintura est ignorantium literatura. A pintura é a literatura dos ignorantes, e a arte sacra é a “Bíblia dos iletrados”:

Para que os simples que não podem ler as Escrituras, em esculturas e pinturas de tal gênero, como nas Escrituras, possam ler mais claramente os mistérios de nossa fé (SÃO BOAVENTURA, in: LIECHTENSTEIN, Jacqueline (Org.). A pintura: textos essenciais. São Paulo: Editora 34, 2005. p. 85).


4 – A TECNOLOGIA DO EYE TRACKING E A LEITURA DE IMAGEM

Em seu grande manual de Eye Tracking, Eye Tracking Methodology: Theory and Practice, Andrew Duchowski (2007) possibilitou o acesso às aplicações e manuseios dessa tecnologia para estudo de experiências de usuários em diversas linhas de investigação. Estudando a composição de imagem comunicativa e sua leitura final, as etapas do estudo prático possibilitaram acesso à ciência que atualmente o marketing chama de User Experience ou Live Marketing, mais precisamente na etapa de testes de usabilidade de interface. O estudo aqui relatado é muito objetivo e sucinto, enquanto a tecnologia aplicada é de uma efervescência investigativa muito instigante e inspiradora. Novos usos e formatos nascem a cada dia. A tecnologia em si é aplicada em ciências e universidades de ponta no mundo inteiro, em pesquisas de medicina, ergonomia, psicologia, cognição, educação, engenharias, trânsito, marketing, comunicação, entre muitas outras.

A figura abaixo mostra um anúncio da Motorola, examinado pela mesma empresa no site da Feng GUI.

Analisar de maneira tangível a eficácia visual de um layout ou imagem comunicacional, particularmente as pinturas da arte neobizantina de Pastro e Maria Fonseca, confrontando o número e porcentagem de conquista de atenção junto ao público receptor da mesma, constituiu o foco analítico e prático desta pesquisa.


CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Da coleta realizada, concluiu-se que a arte sacra é um recurso comunicacional, mas diferente do recurso publicitário comum.

A representação e comunicação na arte sacra são feitas de forma simbólica ou estritamente fechada, contendo repertório específico, que busca incentivar o aprofundamento do iniciado religioso.

Isso torna a leitura e compreensão não tão imediata e clara a todos, pois tal arte narra passagens e iconografias profundas, na esperança de instigar a busca dos mistérios sagrados ou conhecimento prévio dos mesmos.

A arte sacra, contudo, se utiliza da mesma composição visual do meio do design e publicidade, técnica conhecida como rough, visando conduzir o olhar do observador, como mostra a coluna “Criação: rough (esboço) e planos pelo autor da imagem”, do quadro abaixo.


Quadro com resultado da coleta de Eye Tracking.


Notas:

[1]O relatório de percurso do olhar (gaze report) indica a ordem em que cada ponto foi observado, e também a permanência do olhar no ponto. A permanência maior forma circunferências maiores, destacadas pela cor vermelha, enquanto, o tempo de atenção mediano possui circunferência reduzida e coloração amarela. Por fim, os círculos verdes simbolizam os pontos em que o observador dispendeu menor tempo. [2]A porcentagem é calculada de acordo com o período de fixação do olhar em determinado ponto do quadro, destacado no gaze report. Leva-se em consideração, portanto, o tempo dispendido na área de interesse em relação ao tempo total de observação da imagem. [3]Estudo do esboço de Rafael, disponível em http://web.tiscali.it/njross/cartoon.htm

No mesmo quadro, pode-se validar o nível de eficácia, em termos de destaque, fixação, atenção visual e interface visual gráfica, pelas colunas do gaze report e da porcentagem de coincidência de olhar e composição da imagem.


O resultado prático, registro dos movimentos oculares por sobre as imagens sacras e de publicidade, foi relatado por meio dos rastreadores da Feng GUI e Tobii PRO. O vídeo da gravação dos movimentos oculares de cada um dos 40 observadores percorrendo cada imagem e o Tobii Project estão disponíveis para consulta na biblioteca da universidade.


Ao executar a coleta de imagens com eye tracking, buscou-se três levantamentos, como etapas da comunicação visual:

(1) Rough, isto é, o esboço e composição geometrizada, onde o criativo da peça comunicacional elabora a mensagem e a disposição dos elementos a serem lidos;

(2) Gaze Plot Report, um relatório preciso gerado já na primeira análise via eye tracker, apontando a duração da fixação do olhar e a “trama” do percurso dos olhos, sobre determinada imagem (em milissegundos); e

(3) Porcentagem de atenção que se obtém numa “área de interesse” da imagem, relatório que fornece o número preciso da atenção ou relevância captada polo leitor da imagem.

Em mais detalhes: Rough é o estudo pré-textual, numa mensagem visual. A imagem é primeiramente rascunhada e estruturada pelo criativo, como uma mímese de sua imagem idealizada. Nessa etapa, orquestra-se a disposição dos elementos que devem ter maior ou menor captação visual por seus leitores. A imagem abaixo aponta esta estruturação de layout na obra A Santa Ceia, de Michelangelo.

Já na etapa de avaliação de layout visual, o gaze plot serve como um teste de semiótica e leitura da imagem composta, apontando se a leitura obedece à cadencia desejada pelo artista para a mensagem. O eye tracker gera e entrega esse relatório preciso, indicando a sequencia do percurso do olhar do observador de maneira sequenciada, por tempo de duração e ordem da fixação do olhar, em milissegundos. Abaixo, imagem de um relatório do tipo gaze plot.

Por último, o relatório de hitmap e de porcentagem de atenção oferece dados tangíveis e numéricos a respeito do quanto de atenção uma determinada peça comunicativa conquista, em uma área previamente selecionada para se medir esse número. Normalmente, essa área é aquela onde na etapa de rough se objetivou que ganhasse maior leitura e decodificação visual. Nas imagens abaixo, temos um print de hitmap seguido por um relatório de porcentagem de atenção.

Entre os dados finais tangíveis de recepção visual e coleta experimental prática, a obra O Cristo Pantocrator, de Maria Fonseca, deteve 72% de fixação e atenção da leitura numa área demarcada como interessante de ser lida.

Já a obra O Cordeiro Imolado, de Pastro, conseguiu 9% para a cruz e 98% para o cordeiro - uma área igualmente monitorada no eye tracking.

Observou-se também que a racionalidade de esquematização em profundidade e perspectiva, típico de uma obra renascentista, obtém 98% de atenção do olhar numa área demarcada; no caso, a obra do período da Renascença aqui testada foi A Escola de Atenas, de Rafael.

O quadro comparativo foi conclusivo para o trabalho em termos de dedução amostral das observações e de medição com eye tracking. O neobizantino brasileiro de Cláudio Pastro e Maria Fonseca mostrou atrair o olhar e reforçar a mensagem de catequese teologicamente profunda, contendo complexas simbologias, mas menor imediatismo interpretativo, ao mesmo tempo em que apresentam simplicidade estética.

Conclui-se assim que o aparato construtivo do design universal permeia a criação da pintura sacra neobizantina, e que o estudo compositivo de rough garante o interesse e o direcionamento da mensagem teológica ou publicitária, permitindo aos autores destacar o que lhe convier, por meio do direcionamento do olhar.



REFERÊNCIAS


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